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De Jeca Tatu à agricultura digital

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Eu praticamente nasci no campo. Desde quando eu e meus irmãos éramos crianças meus pais colocavam a gente em uma grande caminhonete, a Brasinca, e nos levavam para a casa dos parentes no Mato Grosso e Paraná. Era uma viagem de férias de 15 dias. As melhores e mais memoráveis aventuras da minha vida, com certeza.

Meu pai sempre de bom humor, cantarolando junto com o toca fitas do carro algumas modas sertanejas e a gente acompanhando, em uníssono, felizes da vida. Chegávamos à fazenda dos tios e íamos pescar, colher frutas e verduras do pomar, alimentar as galinhas – o que fazíamos várias vezes ao dia escondidos e deixávamos a tia brava – nadar na cachoeira e na represa, andar a cavalo, ajudar a desenroscar bezerros da cerca, tirar leite da vaca e outras milhares de coisas.

Essa diversão toda durou até a minha adolescência e só acabou mesmo quando eu entrei para o mercado de trabalho, pois não conseguíamos mais conciliar a data das férias. Na verdade, era o que eu pensava.

Desde o início do ano eu recebi um presente muito bacana: voltar ao passado de uma forma diferente. Não tem mais meus irmãos, meus pais ou minha caminhonete cheia de moda de viola e lembranças. O propósito é bastante diferente, mas vai ao encontro do que eu penso ser o nosso futuro, que é tornar o agronegócio no Brasil produtivo, sustentável e capaz de manter essa grande população evitando o desperdício e reduzindo até mesmo a miséria e fome por meio da adoção de tecnologias.

agroParece uma visão utópica, mas tudo o que tenho visto nesses últimos meses tem me mostrado que essa é uma solução muito plausível. Temos muita terra, clima propício, mas sem planejamento ou aprimoramento do espaço não será possível aproveitar nossa total capacidade. E quando digo isso é porque a tecnologia realmente tem o poder de dar melhores opções para que o agricultor possa tomar decisões mais assertivas.

Para se ter uma ideia do que estou querendo dizer, uma das questões sociais mais importantes que vejo hoje é referente ao desperdício de alimentos. Eu moro ao lado do Mercado Municipal de São Paulo e vejo diariamente uma grande pilha de alimentos desperdiçados e que poderiam, facilmente, ser aproveitados. Mas por problemas durante ou após o transporte acabam sendo dispensados.

É uma triste realidade, mas muita coisa é jogada fora: carne abastecida nos mercados mais escura ou com cor duvidosa, vegetais que estão maduros demais, vegetais que queimam as pontinhas ou amarelam também são descartados, e por aí vai. Supondo que em um único bairro de São Paulo existam 10 supermercados, se tivermos um desperdício de 30kg de alimentos/dia, quantas pessoas não seria possível alimentar?

Se pensarmos em um conceito mais abrangente, teremos no mundo cerca de 9 bilhões de pessoas para alimentar até 2050. É muita gente e pouco recurso. Se for possível desenvolver projetos sustentáveis e criar uma base de agronegócio consciente, será muito mais fácil replicar esta metodologia para outros países do mundo todo.

Outro problema que surge no campo é a visão que temos dele. Penso eu que Monteiro Lobato quando escreveu as histórias sobre Jeca Tatu, tentando mostrar a realidade do camponês paulista, não imaginou que iria caracterizar ainda hoje toda uma geração do país inteiro. Parece meio distante, mas ainda se ouve muito dizer que o campo é uma coisa atrasada e que viver na cidade que é legal.

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Pois trago um dado: segundo a consultoria de TI Frost&Sullivan, até 2025 cerca de 90% da população da América Latina viverá nas grandes cidades. Aí eu te pergunto: Quem será responsável pela nossa comida? Quem estará lá no campo criando e semeando o alimento nosso de cada dia?

Nesse momento eu posso entrar até mais profundamente no sonho da fazenda conectada. Estar conectado o tempo todo permitirá ao produtor acompanhar todos os passos do alimento. Do momento da germinação da semente ao nascimento do animal até a colheita, abate e distribuição. Ou seja, ele conseguirá ver toda a cadeia do seu negócio.

O problema é que ainda temos as limitações de rede, os obstáculos culturais de que a internet não é para todos, o Jeca Tatu como personagem do campo e a falta de consciência do consumidor. Jogar um tomate inteiro no lixo por causa de um pequeno pedaço estragado é se esquecer que esse fruto demorou cerca de oito semanas para se desenvolver e estar pronto para consumo.

Escrever esse texto me faz lembrar que enquanto eu, como criança, estava em contato com a terra e os animais, eu nem imaginava todo esse trabalho, essa realidade. Por isso, é preciso mostrar principalmente aos novos consumidores quanto tempo tudo isso demora para ficar pronto, para chegar à mesa. É preciso educar e conscientizar.

Hoje, como você vê o campo?

*Por Maria Fernanda Espinosa

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